Gerenciando o mundo interno e criando realidades fascinantes

Por Paulo R. Käfer*

Uma pessoa observando o céu estrelado fica encantada com tamanha beleza e acha até romântico. Pode ficar inspirada e escrever uma poesia vendo as estrelas. Outra pessoa, olhando para o mesmo céu, pode pensar apenas que o dia está chegando ao fim.

Duas pessoas saem para trabalhar e começa a chover. Uma delas reclama da chuva, fica com raiva e acha que o mundo é injusto. A outra abre o guarda-chuva e aprecia a beleza dos pingos caindo, mantendo um belo sorriso no rosto.

Se pessoas diferentes olham para um mesmo evento e podem ter experiências subjetivas completamente diferentes, então quando mudamos a maneira de olhar, o mundo muda. Parece até mágica não?

O mundo externo e o mundo interno.

Acredito que existem dois mundos possíveis: o mundo interno, ou seja, o conteúdo subjetivo de nossa mente, os pensamentos, sentimentos e o nosso sistema de valores e crenças.

E o mundo externo: o que chamamos de “realidade” objetiva, fruto de nossa experiência sensorial. Olhamos para um objeto e o nomeamos. Analisamos uma situação e emitimos uma opinião. Então podemos perceber que esses mundos não estão separados. Eles estão absolutamente conectados. Estamos todo tempo cocriando a realidade: a nossa realidade.

De qualquer modo, podemos gerenciar melhor nosso mundo interno para transitar com mais sabedoria no mundo externo e criar realidades mais fascinantes. E como disse o genial Rubem Alves: “somos as coisas que moram dentro de nós. Por isso, há pessoas tão bonitas, não pela cara, mas pela exuberância de seu mundo interior”.

Se soubermos gerir bem nosso mundo interno, nos manteremos em nosso centro. Se estivermos equilibrados, ajudaremos a criar a melhor realidade possível, pois escolheremos a melhor opção que há em nosso repertório de atitudes.

Assim, é importante tomarmos consciência do que se passa dentro de nós. Precisamos verificar como nossas percepções se formam, como elas nos afetam e se as emoções que sentimos são benéficas para nós mesmos ou não. Se não estivermos contentes com o que se passa dentro de nós, podemos mudar nossa interpretação e buscar novos paradigmas. Não precisamos perpetuar modelos mentais arcaicos.

Quando uma pessoa melhora, o mundo melhora!

De qualquer jeito, as grandes transformações acontecem de dentro para fora. Já disse Carl Jung: “quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”. E quando nós melhoramos, o mundo melhora.

A dedicação de cada um em melhorar a si mesmo, melhora uma sociedade e transforma um país. Um novo mundo só poderá ser criado, a partir dessa lógica.

O gerenciamento do mundo interno faz com que permanecemos em um estado mental elevado. Assim, não caímos nas armadilhas da própria mente e agimos com assertividade e destemor.

Ainda que nos deparemos com situações desafiadoras, se estivermos com a mente estável e controlada, uma onda poderosa de confiança nos preenche e acabamos agindo de modo efetivo diante das circunstâncias com equanimidade e espírito imperturbável.

Mas necessitamos de um pouco de cautela com nossas projeções. Somos fábricas de ilusões e criamos muitas fantasias. A realidade é mais ampla do que as histórias que contamos para nós mesmos.

Para gerenciar bem o mundo interno, precisamos aprender a não nos identificar tanto com nossos pensamentos. Quando pensamos, estamos no campo do intangível, do sutil. Não conseguimos “pegar” um pensamento. Nem mesmo localizá-lo. Mesmo assim, para nós parece ser tão real. Por falar nisso, você já percebeu a incrível quantidade de pensamentos que surgem todos os dias? Talvez, a grande maioria seja irrelevante…

Serenidade, altruísmo e felicidade.

Assim como escovamos os dentes, tomamos banho, dormimos e nos alimentamos, precisamos organizar o mundo interno para ampliar nossa lucidez. Acredito que poucas pessoas fazem isso, devido às atribulações diárias e também por não compreenderem a importância desse hábito para seu próprio bem-estar.

Uma maneira de colocar o mundo interno em ordem é reservar alguns minutos por dia para sentar em algum lugar calmo e apenas observar os pensamentos. Se for junto à natureza, melhor ainda.

Quando observamos nossos pensamentos, sem julgá-los, sem ir atrás deles, começamos a sentir uma serenidade emergindo. À medida que vamos evoluindo nessa prática, começamos a perceber pequenos intervalos entre os pensamentos, um espaço maior entre eles. Quando esse espaço aumenta, sentimos uma sublime sensação de paz.

Aquietar nossa mente é chave para obtermos um desempenho de excelência em nosso trabalho e ganhar mais tranquilidade no cotidiano. Silenciando o mundo interior, ganhamos uma energia extra, acessamos nossa sabedoria, pacificamos nosso coração e podemos agir de maneira serenamente ativa.

Paradoxalmente, outro modo de gerir o mundo interno é olhando para fora de modo altruísta. Quando nos preocupamos em melhorar as coisas e colaborar com as pessoas, não estamos autocentrados.

Isso é interessante porque entramos em um patamar mais elevado de consciência. Ganhamos mais lucidez e serenidade. Mas se estamos muito preocupados com nosso umbigo e com nosso “eu ilusório”, acabamos abrindo a porta para as aflições.

Olhando para o mundo externo de maneira compassiva e amorosa, restauramos o mundo interno. E quando nossas intenções são nobres e nossas ações correspondem a elas, os dois mundos ficam em equilíbrio e entramos em harmonia com a natureza. Isso é congruência!

Além disso, podemos ampliar a lucidez nos concentrando na atividade que estamos realizando, ou seja: se estiver conversando, apenas converse. Se estiver dirigindo, apenas dirija. Se estiver lendo, apenas leia. Se estiver almoçando, apenas almoce.

Não perturbe a si mesmo. Você já tem muitos desafios diários para superar. Aprenda a ser seu melhor aliado: gerencie o seu mundo interno. Assim, a mente agradece e a felicidade aparece.

Espero ter contribuído de alguma forma com essas reflexões. Agradeço sinceramente a sua visita aqui no blog, grande abraço, paz na mente e até o próximo texto.

Paulo R. Käfer

Diretor e Facilitador da MKaPlus, com mais de 10 anos de experiência em Treinamentos Empresariais. É Instrutor da Formação de Multiplicadores - Facilitador Coach © com dezenas de turmas realizadas pelo Brasil.

>>> Mais sobre Paulo.

Todos os textos do blog possuem direitos autorais. Cópia proibida.

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10 thoughts on “Gerenciando o mundo interno e criando realidades fascinantes

    • Obrigado Sonia. Realmente, o autoconhecimento é importantíssimo. Deveríamos todos seguir o conselho do filósofo Sócrates e da inscrição na entrada do Oráculo de Delfos: “conhece-te a ti mesmo”. Até mesmo para saber qual o melhor caminho a seguir, precisamos saber quem verdadeiramente somos.
      Abraço.

  1. Realmente, essa é grande verdade! No mundo de hoje, devemos lembrar de que o Ser é formado de razão e emoção (Mundo externo e interno). As objetividades estão nas ações racionais, enquanto as subjetividades estão no poder de criar, inovar, crescer e fazer-se feliz, dando felicidade àqueles que estão no mundo (Paz, Harmonia, sinceridade, honestidade, ética, moral) e isso só conseguimos quando sabemos elaborar o equilíbrio ente o mundo externo e interno. Parabéns pela percepção realista. Que bom seria se os empresários vislumbrassem as PESSOAS e soubessem geri-las neste cenário!!

  2. O texto é muito bom. Ajuda-nos a perceber a necessidade do autoconhecimento, que nos leva à assertividade, ao controle emocional e a perceber os outros a nossa volta.

  3. Quem bom que já estou seguindo algumas das idéias expostas no post. Medito praticamente todos os dias, á noite. Procuro fazer sempre uma coisa de cada vez e procuro prestar mais atenção aos detalhes interessantes que descubro nos meus caminhos, o que é fácil aqui em Florianópolis, um lugar privilegiado.

  4. Excelente texto!! Autoconhecimento e controle emocional são essenciais para evitar a entropia e alcançar nossos objetivos.
    Parabéns! Virgínia Santos

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