Como lidar com os desafios diários e manter o equilíbrio

Por Paulo R. Käfer*

Sabe aqueles dias em que nada parece dar certo? Acordamos altamente motivados a fazer um excelente trabalho, com vontade de melhorar o mundo, de “salvar os ecossistemas” e de realmente fazer a diferença na vida das pessoas, mas os imprevistos são tantos, que acabamos dedicando nosso tempo para resolver contratempos, que não estavam em nosso script.

São aquelas pequenas adversidades como congestionamentos, voos que atrasam, gente sem paciência exigindo soluções impossíveis, equipamentos que estragam quando mais precisamos deles, muito barulho externo quando justamente precisamos nos concentrar…

Pensando bem, é muito raro as coisas acontecerem exatamente da forma como programamos ou queremos. Ter consciência disso, já é meio caminho andado para diminuirmos nossas expectativas, exigências e idealizações de como as coisas deveriam ser.

Você já percebeu como o mundo está ficando cada vez mais complexo e instável? Nossos nervos são testados em vários momentos de nosso dia: temos cada vez mais demandas, mais informações, mais desafios e mais tarefas em nossa jornada diária.

Se os negócios não estão indo bem, o momento pede calma para adotarmos estratégias mais eficazes de gestão. Se um colega ou um cliente foi hostil com a gente, é bom permanecermos serenos para encontrar a melhor atitude. Se um familiar foi sarcástico conosco, é interessante manter o equilíbrio. Se o trânsito não está fluindo bem, muita tranquilidade nessa hora.

 

O mundo pede um pouco mais de resiliência

Você já percebeu como algumas pessoas, diante da mesma situação fazem uma tremenda tempestade em copo d’água e outras logo dão a volta por cima?

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Disse o naturalista britânico, Charles Darwin: “Não é a espécie mais forte que sobrevive, nem a mais inteligente, mas aquela que responde mais rápido as mudanças”. Ter uma boa capacidade de análise e raciocínio não é suficiente para transitarmos com maestria neste cenário um tanto quanto caótico. Para nos adaptarmos e respondermos de maneira efetiva aos incontáveis estímulos e desafios diários, precisamos ser resilientes.

Resiliência remete à ideia de elasticidade e capacidade rápida de recuperação. Ou seja, um ser humano resiliente volta logo ao seu estado natural frente às adversidades, pressões e aos percalços do caminho e sabe lidar bem com situações estressantes. Ele não se deixa abater tão facilmente. E cá entre nós, quem tem tempo de ficar sentindo pena de si mesmo por causa de qualquer aborrecimento? Aliás, essa atitude pode até intensificar as adversidades. Acho que resiliência combina com aquele ditado popular que diz: “faça do limão uma limonada”.

Além disso, quando adotamos uma perspectiva apropriada e ampla, perceberemos que um aparente contratempo pode ser a semente de uma grande oportunidade. E só precisamos estar atentos para reconhecê-las.

 

Você: gestor de si mesmo

Em um cenário tão dinâmico e imprevisível, necessitamos cada vez mais de equilíbrio para lidar com os vários desafios que se apresentam. Arrisco a dizer, que ninguém vai muito longe, sem um mínimo de autodomínio. Precisamos ser bons gestores de nós mesmos.

O mundo pode ficar muito melhor se as pessoas desenvolverem e aumentarem seu autocontrole diante das situações críticas. E certamente teríamos um incremento substancial na qualidade dos relacionamentos, ampliando também o nosso bem-estar e fortalecendo uma cultura de paz.

Sem um bom autocontrole, um líder não inspira sua equipe, um vendedor não realiza boas vendas, um prestador de serviço não atende bem e um instrutor não ensina ninguém.

Por exemplo, o humor de um gerente pode afetar o “estado de espírito” da equipe e, portanto, seu desempenho e consequentemente, os resultados.

Mas entendo que autocontrole não significa reprimir o que estamos sentindo. Acho que isso nem é uma boa ideia. Sentir emoções é natural do ser humano. A gente não escolhe o sentimento. Ele surge. Essa é a beleza da vida. Quando estamos assistindo um filme, por exemplo, nos emocionamos mesmo sabendo que é ficção. Quando uma pessoa querida para nós nos aborda de maneira áspera, é natural ficarmos chateados e até magoados.

Talvez tenhamos pouco controle sobre os sentimentos. Mas treinando nossa mente, podemos ter domínio sobre nossas ações. A emoção pode não ser uma escolha, mas a qualidade da ação é opcional. As pessoas, as situações e os eventos podem nos fazer sentir de uma determinada maneira. Mas possuem pouco poder de determinar nossa atitude se estivermos preparados para selecionar com discernimento uma ação apropriada.

 

Atenção com o piloto automático

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A toda hora recebemos estímulos do ambiente. Mas a maneira com que lidamos com esses estímulos é a diferença que faz a diferença. Para cada estímulo forneceremos uma resposta, ou seja, uma ação, um comportamento ou uma atitude.

Agir com base no "piloto automático", no calor da emoção ou no impulso, dependendo do contexto, não é uma boa ideia. Entre o estímulo e a resposta há um espaço. Existem pessoas que dão uma resposta instantânea, no impulso. Nesse caso, a pessoa segue a emoção. Acabou não utilizando muito o espaço entre o estímulo e resposta.

Um exemplo: a pessoa A fala de maneira ríspida com a pessoa B. A pessoa B fica irritada com a pessoa A. Se a pessoa B usar pouco o espaço entre estímulo e resposta e agir com base no impulso, a probabilidade de falar e agir com irritação é muito grande. A pessoa B permitiu que a irritação a controlasse a partir de um estímulo externo, nesse caso, a fala ríspida da pessoa A.

Não precisamos responder a todos os estímulos de forma mecânica e automática. Às vezes o silêncio também pode ser a melhor resposta. Claro, tudo depende do contexto e da situação.

 

Interpretação ou realidade?

Em geral, a realidade é muito maior e mais ampla do que a nossa interpretação da realidade. Muitas vezes, tiramos conclusões precipitadas com base em poucas informações. Precisamos de cautela com nossas inferências e com as generalizações acerca da realidade.

Imagine a seguinte situação: Uma pessoa chega atrasada na reunião e alguém diz:

- Ele não está nenhum pouco interessado.

Perceba que há uma inferência e que leva a uma opinião e praticamente um julgamento. A pessoa que comentou criou uma realidade em cima de um fato. E muitas vezes, essas interpretações podem ser a origem de muitos conflitos interpessoais.

O ideal é que a gente consiga ver a realidade da forma como ela é, sem filtrar, nem adicionar elementos imaginários.

 

Ajustes no trajeto

Um grande desafio nesses tempos frenéticos é superar as pequenas tristezas. Quando estamos insatisfeitos e incomodados com algo ou quando uma dor existencial nos visita, possivelmente precisamos fazer alguns ajustes em nossa trajetória.

Essa é uma boa hora para fazermos uma pausa para reflexões. E podemos nos perguntar:

O que eu realmente quero da vida?

Estou no caminho certo?

O que eu almejo vai me deixar mais feliz?

O que falta realizar?

De qualquer forma, esses são momentos precursores de mudanças e transformações positivas. Acolher nossos dissabores ao invés de fugir deles, muitas vezes é a coisa certa a fazer. Buscar refúgio em distrações insalubres e diversões banais na esperança de atenuar a intensidade da tristeza não parece ser uma boa estratégia.

Se você está desanimado por algum motivo, quero te dizer uma coisa: tudo na vida é transitório. Tudo na existência é mudança e nada é fixo. Em um dia chove, no outro faz sol. Perceba que nada é estático, tudo está se movendo. E a tristeza e a melancolia também são passageiras.

 

escolhaToda trajetória tem curvas, obstáculos, picos e vales. Assim como momentos de puro contentamento e alegria, reveses e pequenos desafios fazem parte da jornada de qualquer herói. Desanimar é uma escolha. Assim como levantar a cabeça e seguir em frente também é.

As situações pelas quais a gente passa, sejam agradáveis ou nem tanto, servem para nos ajudar a aprender e a evoluir.

No final das contas, não são os obstáculos externos que temos que superar. O grande desafio é superar a nós mesmos. É encontrar a força necessária para conquistar aquilo que talvez seja o grande tesouro que todos buscamos: a paz interior.

Nossa história é escrita em cada passo, em cada decisão, em cada atitude. Que possamos pacificar a nossa mente para ouvir o que nosso coração tem a dizer. A partir disso, que a gente tenha a sabedoria de adotar a perspectiva apropriada com discernimento e escolher as melhores ações para nós mesmos, para os outros e para o planeta.

Paz na mente, grande abraço e até o próximo texto.


Paulo R. Käfer

Treinador Empresarial Sênior com mais de 10 anos de experiência na área. É Instrutor da Formação de Multiplicadores – Facilitador Coach© com várias turmas realizadas pela MKaPlus, empresa especializada em ajudar instrutores e facilitadores a terem alta performance e realizarem treinamentos fantásticos.

Todos os textos do blog possuem direitos autorais. Cópia proibida.

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Facilitador Coach

5 thoughts on “Como lidar com os desafios diários e manter o equilíbrio

  1. Para fazer a diferença no dia-a-dia, temos que ser diferentes, pensar diferente e naturalmente fazer as boas ações. Sabemos que tudo que fizemos vem do passado, o que lemos, vimos, assistimos, falamos, etc… Para termos harmonia, equilíbrio e paz interior, temos que aprender sempre e a todo momento pensar, analisar, refletir e partir para as ações, seja qual for o momento, nós desafios normalmente reagimos como que se estivéssemos no piloto automático, e as vezes fazemos, ou falamos algo sem pensar direito, devemos e podemos nós policiar em tudo que fazemos, ou seja, estamos sempre evoluindo, ensinando e aprendendo o tempo todo, creio que estas atitudes servem para qualquer pessoa que quer vencer e dar exemplo, e deixará boas lembranças por onde pisar. Belo posto, abç.

  2. Um conceito muito importante: “gestor de si mesmo”. Na prática poucas pessoas usam, esperando sempre que alguém indique o que fazer. Na verdade somos todos em alguma medida empreendedores, verdadeiros construtores e propagandistas da nossa marca pessoal. E só é possível empreender com aprendizado constante, com conhecimento atualizado do nosso ambiente (a maior parte das vezes do mercado, aquele conceito de “awareness” em inglês), com objetivos definidos e com esforço contante. Então é necessário aprender a gostar de todas essas fases dos negócios porque serão muitos aprendizados, muitas pesquisas de novos empreendimentos, muitas mudanças de objetivos e muitas horas de esforço. Não é um caminho fácil, mas é altamente gratificante, e para alguns é o único válido.

  3. Prezado Paulo.
    Texto muito bom e interessante.
    Obrigada por compartilhar conhecimento.
    Sucesso!
    Iara Stefanini

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