O que podemos aprender com o rio e o bambu

Paulo R. Käfer

Cara Leitora. Caro Leitor.

Viver é essencialmente aprender. Estamos aqui para evoluir e nos transformar em pessoas melhores. Cada vez mais precisamos nos capacitar para transitar com maestria neste mundo complexo e dinâmico.

E podemos aprender com a natureza? Acredito que sim. Afinal de contas somos parte dela.

Fluidez

Nas palavras de Lao-Tsé: “o rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos”.

E de fato, a vida pode ficar bem mais interessante quando a gente consegue fluir como um rio. Você já viu as pessoas que estão de bem com a vida? Parecem possuir uma leveza na alma, um sorriso acolhedor, uma fluidez na maneira de ser.

Uma pessoa não consegue ser muito feliz se tem o hábito de tornar as coisas mais complicadas do que elas aparentam ser. Seria como transformar uma simples brisa em um ciclone.

E paradoxalmente, muitas vezes, olhamos tanto para os obstáculos, que “tropeçamos” nas oportunidades, sem percebê-las. E não raro, as deixamos passar.

Ficamos tão atrelados aos empecilhos e contratempos que não nos damos conta das infinitas possibilidades disponíveis que o Universo nos oferece. Nesse caso, resistimos aos obstáculos ao invés de contorná-los, como faz o rio.

Um ponto importante é compreendermos que muitos obstáculos são internos e não, externos.

Os obstáculos externos podem assumir várias formas e acontecem independente da nossa vontade: trânsito lento quando estamos atrasados, excesso de barulho quando a gente precisa de silêncio, altíssima competitividade no setor em que atuamos e por aí vai.

Eles são fáceis de identificar e sempre vão existir. É impossível viver uma vida sem algum tipo de adversidade. Duvido que alguém passe ileso pela vida sem algum “abacaxi” para descascar.

Já os obstáculos internos são aqueles que nós mesmos criamos com nossa mente: pessimismo, ideais de perfeição irreal, necessidade de controlar o incontrolável, pena de si mesmo, preocupações sem base na realidade, medo de não parecer bom o bastante, autocrítica exagerada e assim por diante.

Esses, em geral são obstáculos mais poderosos porque são criados por nós mesmos. Assim, é crucial reconhecermos que a maior fonte de obstáculos é a nossa própria mente. E a lógica é bem simples: antes de afastar um padrão de pensamento negativo (obstáculo) é preciso identificá-lo e reconhecê-lo como tal.

A água do rio, como é livre de obstáculos internos não fica reclamando dos obstáculos externos. Ela apenas os contorna, sem grandes alardes, de forma suave, com fluidez.

Flexibilidade

O bambu tem muitas qualidades. Uma delas é a flexibilidade. Ele pode curvar-se diante do vento, mas não quebra. Ele não discute com o vento. Ele não quer provar que está certo e vencer um debate com o vento. Ele movimenta-se de modo elegante e harmônico.

Há um provérbio chinês que diz: “Não há que ser forte. Há que ser flexível”.

Realmente, parece uma boa ideia expandir nossa capacidade de ser flexível em meio ao mundo.

E nesse aspecto, flexibilidade não significa ceder ou fazer concessões a tudo e a todos. Nem tampouco é sinal de fraqueza. Flexibilidade, em um sentido amplo, está ligada à nossa capacidade de adequação aos vários contextos e situações que a vida vai nos apresentando.

Tem horas que precisamos ser focados, lógicos e usar mais a razão porque a situação exige. E há circunstâncias que é necessário recorrermos à nossa intuição, criatividade e seguir o coração.

Escolher a melhor ação de acordo com  o momento, de maneira serena, lúcida e consciente parece ser a marca de quem possui flexibilidade. E a resultante disso é a harmonia na ação.

Assim… O bambu, o rio, bem como como todos os elementos da natureza podem ser nossos mestres. Se transitarmos pelo mundo com a fluidez de um rio, contornaremos as pedras que surgem no caminho com mais facilidade. E se agirmos com a flexibilidade de um bambu, nos sairemos bem diante das intempéries da vida.

Espero ter contribuído de alguma forma com essas reflexões. Agradeço sinceramente a sua visita aqui no blog, grande abraço, paz na mente e até o próximo texto.

Paulo R. Käfer


Todos os textos do blog possuem direitos autorais. Cópia proibida.

 

11 thoughts on “O que podemos aprender com o rio e o bambu

  1. Oi, Paulo!
    Que lindo texto. Concordo em gênero, grau e número com o que escreveste sobre esta simbologia entre o Rio e o babu. Realmente o ser humano, às vezes, fica colocando xifre em cabeça de cavalo. É preciso que tenhamos mais autoconfiança para enfrentar as vississitude da vida.
    Abraços.
    Prof. Roni Garcia

      • Seus artigos são maravilhosos, são verdadeiras aulas na pratica, entretanto o ruim é não podemos salvar as paginas em nossos arquivos particulares e poder utilizá-las posteriormente. muito obrigado Paulo por seus artigos.

  2. Boa tarde,bastante intrigante do ponto de vista do bambu,sendo ele de aparência tão frágil ser assim tão flexível…..mas é isso mesmo que a vida nos ensina dia a dia,flexibilidade e tolerância para contornarmos as turbulências da vida e alcançarmos a paz …
    Abraço,
    Telma Pereira

  3. Oi Paulo, texto maravilhoso, realmente inspirador! Nessa vida frenética, onde muitas coisas são efêmeras, muitas vezes esquecemos de que também somos passíveis de falhas e necessitamos de ajustes e correções para transitar neste caminho. Ora, esquecemos que estamos aqui para aprender! Com isso, tentamos nos manter feito rochas, em momentos em que a necessidade seria o transpor dessas pedras, como o rio faz, sendo apenas sinuoso. Da mesma forma, nos fechamos em opiniões céticas, não deixando espaço para sentir o coração argumentar, nos tornamos inflexíveis (sem a força e a humildade simbólica do bambu, que sabe se curvar diante de outras forças). Com essas atitudes, geramos comportamentos que nos impede de percebemos as oportunidades que a vida nos oferece, para uma jornada mais simples, amorosa e feliz. Parabéns por despertar esta reflexão. Abraços 🙂

  4. Parabéns Paulo por ter tanta sensibilidade e espalhar com as pessoas!
    Acredito que só desta maneira reformaremos o mundo deixando-o literalmente mais leve!
    Sua missão é perfeita com o lema que carrega nos seus encontros: Formação de Multiplicadores.
    É exatamente assim que senti a minha transformação pós curso com vocês!
    Muito obrigada e um grande abraço

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