Menos preocupações, mais qualidade de vida

Por Paulo R. Käfer*

Imagine uma pessoa remando com muito esforço e o barco não sai do lugar. Ela rema, rema e rema. Faz um esforço tremendo, fica exausta, mas continua remando. E o barco ali, sem avançar. Só que tem um detalhe: a pessoa não se dá conta que o barco está ancorado.

Preocupar-se demais é mais ou menos assim: a gente se desgasta sem necessidade. Não progredimos em direção à solução e nada acontece.

A vida é repleta de desafios, cada vez o mundo vai ficando mais complexo e a preocupação faz parte da rotina do ser humano. Não faltam motivos para nos preocuparmos diante de um cenário muitas vezes caótico, paradoxal e completamente imprevisível.

Então é praticamente impossível reduzir a preocupação por completo e uma ou outra preocupaçãozinha pode até ser útil, principalmente quando há necessidade de cautela e precaução frente a situações complexas. Mas não acho nada interessante quando a preocupação excessiva catalisa muitas inquietações e começa a interferir na qualidade de vida. Você consegue ser feliz e alegre cheio de preocupações? Eu não! Preocupar-se demais não gera bem-estar.

Às vezes, acreditamos que se estamos preocupados com algo, já estamos resolvendo ou solucionando uma questão. Mas a preocupação em si mesma não tem nenhuma aplicação prática e não podemos dizer que preocupação é o mesmo que pensar estrategicamente.

Histórias que contamos para nós mesmos

A preocupação sem base na realidade nos arranca do momento presente porque nossos pensamentos estão conectados com o futuro. Parece um festival de “e se” em nossa mente: e se algo der errado, e se eu não for bom o bastante… (Talvez você possa se interessar pelo texto: Desfrute o momento presente com sabedoria).

A maioria das preocupações são apenas projeções mentais que nunca se concretizam. Ou seja, elas são resultado direto das histórias que produzimos em nossa mente. Preocupação significa ocupar-se com algo que nem ao menos sabemos se irá acontecer. E geralmente não acontece. Pelo menos não da maneira pela qual imaginamos.

Evitar a preocupação não significa negligenciar ou negar os problemas. Nem desligar-se ou alienar-se dos acontecimentos. Ainda que tenhamos preocupações válidas, talvez a maioria dos pensamentos que nos afligem não ajudam muito e não raro, não passam de ficção criada pela própria mente. Portanto é preciso aplicar a razão para determinar se aquilo que nos preocupa é relevante ou não.

O medo pode provocar a preocupação. Até aí tudo bem. É bom se preocupar diante de um perigo iminente e começar a agir. O problema são os medos imaginários que criamos em nossa mente.  Disse o filósofo Epícteto: “o que perturba o homem não são as coisas, mas as suas opiniões e fantasias sobre elas”.

Acho válido verificar se o que está nos preocupando tem base na realidade. Uma boa estratégia diante de uma preocupação é perguntar-se: afinal de contas, existe algum problema real ou é minha imaginação fértil produzindo dramalhões desnecessários?

É sempre bom procurar ver as coisas como elas realmente são sem ficar adicionando interpretações e inferências naquilo que é do jeito que é. (Talvez você possa se interessar pelo texto: Realidade e Interpretação).

Se nós temos realmente um “abacaxi para descascar”, é bom refletir sobre a questão, pensar no problema sobre vários ângulos, pesar prós e contras, riscos e benefícios e tomar uma decisão sobre o que fazer.

Ação no cotidiano

É preciso compreender que a preocupação ainda não é a ação. Se algo real nos preocupa, após realizar uma análise apurada do problema, podemos caminhar em direção à solução. Agir é melhor do que sucumbir. De que adianta ficar somente se preocupando, com a mente confusa, sem partir para a ação?

Quando a gente está no modo ativo, realizando alguma tarefa, temos uma tendência a nos preocuparmos menos. Portanto, quando pensamentos negativos começarem a dar sinal de vida, mexa-se. Afinal de contas, é melhor estar ocupado do que preocupado.

Além disso, podemos reduzir nossas preocupações automaticamente ao escolhermos um caminho virtuoso, porque sabemos que estamos contribuindo para um mundo melhor. Não parece lógico?

Por exemplo, alguém pode ter o hábito de se preocupar com o que os outros vão pensar a seu respeito. Se pensarmos bem, o que os outros pensam é da responsabilidade deles, ainda que seja sobre nós. Não há necessidade nenhuma de encafifar com isso. Só se gasta energia desnecessariamente.

Se a pessoa em questão agir corretamente e tiver uma motivação genuína em seu coração, não terá motivos para se preocupar com isso. Ela está dando o seu melhor e fazendo a sua parte. Isso já é o suficiente para ela colocar a cabeça no travesseiro e dormir o melhor dos sonos.

Aqui vai uma dica bem simples: dê o seu melhor, seja você mesmo, não incomode ninguém e quando puder, ajude as pessoas. Se você fizer isso, terá uma tremenda paz na mente. Pode apostar!

A preocupação nos aprisiona dentro da nossa própria cabeça. É preciso se livrar dessa cela imaginária e cultivar um estado mais relaxado de harmonia interior. A vida moderna já é repleta de desafios. Não precisamos ficar encasquetando à toa, já que a preocupação exagerada é um freio à vida plena.

Há um provérbio Tibetano que diz: “se seu problema tem solução, então não há com que se preocupar. Se seu problema não tem solução, toda preocupação será em vão”. Sabedoria pura, não? Que tal parar de esquentar a cabeça, desencanar um pouco e viver bem melhor? Afinal de contas, menos preocupações, mais qualidade de vida!

Grande abraço, paz na mente e até o próximo texto.


Paulo R. Käfer

Facilitador de Treinamentos Empresariais Sênior, com mais de 10 anos de experiência na área. É Instrutor da Formação de Multiplicadores – Facilitador Coach © com várias turmas realizadas pela MKaPlus, empresa especializada em ajudar instrutores e facilitadores a terem alta performance e realizarem treinamentos fantásticos.

>>> Mais sobre Paulo.

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2 thoughts on “Menos preocupações, mais qualidade de vida

  1. Hoje li mais um texto de vocês (Menos preocupação, mais qualidade de vida).
    Escrevo para agradecer a vocês, por compartilharem assuntos tão relevantes para a nossa vida pessoal ou dentro das organizações.
    Um abraço.

  2. Pensar em não pensar em problemas nos dias de hoje, está cada vez mais difícil, é como não querer pensar em uma coisa ruim e aquilo não sai da sua cabeça, minha estratégia é, arrume outra coisa para pensar.
    Na maioria das vezes um problema não vem sozinho, então a estratégia é ficar de olho para evitar outros problemas. Conheço muitas pessoas que reclamam que estão sempre com problema, porém elas são como ímâ para atraí-los, exemplo a pessoa sabe que se sair de casa com a carteira de motorista vencida pode dar problema, ela vai e sai, sem nem analisar quantos problemas ela poderia evitar com esse simples ato, o simples fato de não falar o que pensa ou falar demais, muitas vezes tem consequências danosas.
    A estratégia é pensar em um problema da cada vez, e nunca deixa-los tirar sua paz de espirito, pois nos dias de hoje quem não não tem no que pensar, corre o risco de cair no vazio do existencialismo.

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