Praticar, refletir, transformar

Por Paulo R. Käfer

Se você é Instrutor de treinamentos e gosta do que faz, provavelmente você quer proporcionar bons resultados, gerar impacto positivo e ser bem avaliado.

Quem não quer? Mas o que compõe aquilo que chamamos de “resultado”?

O grande propósito de um treinamento é gerar aprendizado, mudança e ação efetiva pós-treinamento. Só assim, teremos alcançado o “mantra organizacional” que muitos desejam: bons resultados!

Pratico, logo aprendo.

Nós seres humanos podemos aprender de diversas maneiras: lendo um bom livro, assistindo um filme que contenha uma mensagem poderosa, ouvindo um expert em determinada área, pesquisando e escrevendo sobre um assunto específico, conversando com alguém cujo ponto de vista é diferente do nosso e por aí vai.

3 maneiras de inspirar os treinandosMas há algo essencial para que o nosso aprendizado seja significativo: passar pela experiência. Albert Einstein resumiu de forma brilhante essa questão: “aprendizagem é experiência, todo o resto é informação”.

Não aprendemos apenas recebendo informações! Por mais interessante que seja apresentado o conteúdo, é bom praticar. E muito. É aí que entram as atividades em treinamento.

E elas não precisam ser complexas, nem mirabolantes. Pelo contrário, as atividades mais simples, muitas vezes geram profundas reflexões e grandes ensinamentos. Quando após uma atividade, o participante toma consciência de algo que ele não estava prestando atenção, ou seja, ele se dá conta de que pode fazer diferente e melhor, a atividade teve êxito.

Vejamos um exemplo bem simples. O instrutor fala da importância da escuta ativa no ambiente de trabalho e também para cultivar bons relacionamentos. Apresenta os benefícios, algumas pesquisas científicas, métodos, técnicas e assim por diante. Até aí tudo bem, mas se ele não promover algum tipo de exercício ou atividade para que os alunos pratiquem, o treinamento pode ficar muito teórico.

O aprendizado parece ficar incompleto quando não há a parceria entre o saber e a experimentação.

As pessoas aprendem quando praticam e chegam às próprias conclusões sobre algo. Não que as teorias e referenciais não sejam importantes. Claro que são, desde que sejam pertinentes ao treinamento em questão, estejam alinhadas ao objetivo de aprendizagem e sejam intercaladas com atividades. Teoria e prática são as duas “asas” que fazem o aprendizado “voar” alto.

Existem muitas possibilidades depois de um ponto de interrogação.

Todos nós aprendemos em decorrência de um engajamento mental ativo. Ou seja, é preciso questionar, “pensar sobre”, refletir, avaliar. A reflexão pode acontecer a partir de perguntas muito bem formuladas ou como resultado da experiência em uma determinada atividade no treinamento.

As atividades são fundamentais nesse sentido, porque o participante pode verificar se o conteúdo repassado é efetivo ou não, qual a sua dificuldade em utilizá-lo, quais as adaptações que terá que fazer, etc. Esse “pensar por si mesmo”, gera mais comprometimento e confiança na hora de incorporar os ensinamentos na prática.

Após os participantes realizarem uma atividade ou tarefa, o instrutor hábil promove alguns questionamentos sobre a experiência.

O que deu certo?

O que poderia ser melhorado?

Como essa experiência se relaciona com o dia-a-dia na empresa?

Quais as lições que levamos dessa prática?

O que de fato, aprendemos com a atividade?

Essa experiência ampliou nossa visão?

Poucas coisas são tão poderosas em treinamento quanto uma atividade selecionada bem aplicada, seguida de reflexão! Uma reflexão profunda pode ser impulsionadora de grandes mudanças. Nesse contexto, o ponto de interrogação pode ser mais efetivo que ponto de exclamação.

Mudança.

Um treinamento precisa provocar algum tipo de transformação, uma mudança positiva, significativa. E só haverá mudança, se os participantes aplicarem o que aprenderam.

De que adianta saber sobre algo se não aplicamos? Por exemplo, quantas pessoas sabem sobre empatia ou pelo menos sua definição? Quantas pessoas são realmente empáticas em seus relacionamentos? Será que é o mesmo número? Saber sobre empatia é uma coisa. Transformar-se em uma pessoa empática é outra.

Portanto, sem ampliação do mindset, haverá pouca mudança na prática. Sem transformação, o status quo não é alterado. Ou seja, os hábitos e as atitudes de sempre permanecem.

Por exemplo, o dono de uma grande empresa detecta que alguns de seus gestores estão deixando a desejar quanto à capacidade de liderança. O que você acha que ele deveria escolher, dentre duas alternativas:

1 # Que os seus gestores soubessem discorrer sobre liderança.

2 # Que os seus gestores liderassem de modo efetivo, influenciando positivamente e inspirando as equipes.

Na primeira alternativa, a abordagem do treinamento estaria centrada no conteúdo. Na segunda opção, há uma preocupação com a capacidade de liderar na prática e não apenas saber conceitos sobre liderança.

A segunda alternativa é centrada na transformação. Nesse caso, as atividades, os questionamentos e própria postura inspiradora do Instrutor terão um papel fundamental para que o curso alcance seu objetivo.

É bom frisar: quando o Instrutor se importa com a aprendizagem do grupo, demonstra genuíno apreço e entusiasmo pela evolução das pessoas e é altruísta ao compartilhar seu conhecimento e experiência, ele está “catalisando” a transformação. E não raro, esse aspecto humano é o que diferencia um treinamento protocolar de um treinamento extraordinário.

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O Facilitador de sucesso entende bem essa lógica: sai da posição confortável de apenas transmitir informações para também criar oportunidades de aprendizagem.

Isso ajuda as pessoas a acessarem sua sabedoria interna por intermédio de poderosas reflexões.

Da reflexão nasce a vontade de mudar, de melhorar, de transformar-se, de progredir como ser humano. Isso alavanca a performance. E quanto maior a performance, melhores resultados.

Não evoluímos “do nada”. Viver é um contínuo aprendizado, principalmente se estivermos atentos e predispostos a sermos cada vez melhores. Assim é na vida. Assim é no treinamento.

Espero sinceramente que essas dicas, reflexões e insights sejam úteis para você. Grande abraço, paz na mente e sucesso em seus treinamentos.


Paulo R. Käfer

Diretor e Facilitador da MKaPlus, empresa especializada em ajudar instrutores e facilitadores a terem alta performance e realizarem treinamentos fantásticos. Tem mais de 11 anos de experiências em treinamentos empresariais e é Instrutor da Formação de Multiplicadores – Facilitador Coach ©, com dezenas de turmas realizadas pelo Brasil.

Mais sobre Paulo.


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